PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

O POVO NAS RUAS POR MUDANÇA DE PARADIGMAS

Aprendendo com a história – Primeira parte

“... para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias...”

Preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988

Diferentemente do que se possa pensar, brasileiro não é um povo conformado e a nossa história tem mostrado isso diante de adversidades e situações de grande hostilidade, a exemplo do que ocorreu no período da escravidão, quando se reivindicava ou o fim da opressão ou negociações por melhorias das condições de vida da população.
A década de 1960 foi um momento de nossa história que ainda causa grande nostalgia, onde parcelas da população formada especialmente por jovens, buscavam reinventar e questionar a sociedade então vigente. Esse movimento foi desafortunadamente sufocado e reprimido pela ascensão de uma gerontocracia conservadora e autoritária. Contudo, os anseios e a militância juvenil, nas guerrilhas urbanas e rurais contra o regime, ainda mantiveram-se focados nas militâncias esquerdistas pelas décadas seguintes.
O período da ditadura militar brasileira foi o mais longo do Cone Sul. Partidos esquerdistas de oposição, já no final do regime de exceção, abarcavam a maioria dos movimentos sociais e lideravam a militância de resistência, bem como suas respectivas pautas de mudança, liberdade e melhorias para o país.
Em fins da década de 1980 e adentrando nos anos 1990, pipocaram grandes manifestações por eleições diretas, seguida de destituição do poder através do impedimento presidencial por pressão popular. Ainda, segmentos da sociedade representados pelas minorias de gênero, raça e condição foram levantando suas próprias bandeiras e, de lá para cá não só alçaram suas respectivas vitórias, bem como os dissabores do percurso, mas que se mantiveram ativamente como que a marcar a pauta de luta.
O fato inédito da ascensão das esquerdas, que assumiu o poder nos anos 2000, trouxe um novo conceito de governança a partir das bases, valorizando o trabalhador, o combate à inflação e à fome, a reforma agrária, bem como o fortalecimento da moeda interna e o crescimento econômico. Contudo, não tardou para que o continuísmo desse as caras, ofuscados então pelos brilhos do poder.
E o contexto atual tem mostrado as crescentes manifestações populares que saíram às ruas nas últimas semanas, cujo clamor embutido pede mudanças socioeconômicas e políticas. Manifestações estas que surpreenderam a muitos de nós, primeiramente “encantados” com a força com que nossos jovens tiveram a audácia de botar o bloco na rua - até então subestimados – e agora mergulhados numa profunda reflexão de pensar mudanças nos paradigmas vigentes.
A não inclusão e cumprimento de políticas públicas de qualidade e a rejeição do sentimento de representatividade em relação aos governantes que aí estão tem sido a causa dos descontentes, canalizando na forma de protestos nas ruas, quase que diariamente. Desse extenso contingente, vemos que a grande maioria é composta por jovens, muitos deles com formação superior, e que apontam questionamentos às esferas do poder, os então esquerdistas, que por anos canalizaram o clamor popular, e agora no governo com seus aliados, de aliança com oligarcas e atrelado às velhas instituições, mostram-se incapazes de produzir resultados novos, práticos pela qualidade de vida da população.
Segue...

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