ADESÃO COMO META DE MUDANÇAS
“Tendo dito isso, Jesus cuspiu no
chão, fez barro com a saliva e passou o barro nos olhos do cego”. E disse:
Vá lavar-se na piscina de Siloé.
O “cego foi, lavou-se e voltou
enxergando”.
(João 9, 6-7)
De todas as narrativas contidas nos evangelhos a
respeito das intervenções de Jesus no campo das deficiências, considero este
texto de João como o mais rico, sensível e relevante. Chama atenção o ponto
forte da reflexão – a fé seguida pela sinceridade do cego - que desmascara a
ideologia dos dirigentes religiosos de então, que sustentavam toda e qualquer
exclusão em nome da lei e de Deus.
Por ser cego, excluído e viver à base de esmolas, também
era um marginalizado da instituição religiosa fechada, que se baseava na
exterioridade legal em detrimento à dignidade da pessoa humana. Quem não se
submetesse a ela era posto de fora. Ora, aderir à novidade de Jesus, importava
o risco de expulsão. O cego é de uma abertura só ao acolher o projeto que Jesus
apresenta para sua vida: “Se esse homem não tivesse vindo de Deus, não
poderia fazer nada” (33).
Nessa linha, a pedagogia de Jesus tem uma ação
libertadora: não se restringe apenas ao diálogo e à falácia, mas na ação. Admirado
com a coerência do cego, Jesus não se utiliza de sinais mágicos e estupendos
fora de seu campo de ação para promover a cura daquele homem, muito ao
contrário, usa o que tem à mão: terra e água da mãe natureza. Pede apenas a
contrapartida, a fé e esforço pessoal: lavar-se na piscina para então voltar ao
convívio social e interagir, trabalhando para derrubar os preconceitos que a
sociedade dissemina, tornando-se um sujeito de ação afirmativa.
A cura,
que é a recuperação de tudo aquilo que destitui o ser humano de seus direitos
mais elementares, faz com que brote nova consciência de quem é Jesus e o que ele representa. O
cego é uma sinceridade só quando proclama àqueles "teólogos" que não conhece ainda aquele homem, mas tem
certeza de que Jesus veio de Deus, pois age diferente
deles.
São novos olhares, novas atitudes frente
às situações discriminantes e excludentes, que precisam ser superadas com
coragem e determinação em gestos, palavras e ações: a promoção da igualdade das
pessoas com deficiência na diversidade.
Você,
caro leitor, quando se deparar com algum deles: olhe, observe, dê atenção.
Ofereça ou pergunte como ajudar. Não importa quem seja você, o que pense, suas
ações - confusas ou não - aproximarão pessoas, provocarão reações e deixarão
uma mensagem - somos diferentes e precisamos dessas diferenças para interagir,
conviver, ensinar, transformar - Que saudável diferença, pois só aprenderemos a superar nossos limites através
da convivência com os limites do outro.
Pela Inclusão e pela
Vida!
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