PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 28 de março de 2014

FÉ E COERÊNCIA


ADESÃO COMO META DE MUDANÇAS

“Tendo dito isso, Jesus cuspiu no chão, fez barro com a saliva e passou o barro nos olhos do cego”. E disse:
Vá lavar-se na piscina de Siloé.
O “cego foi, lavou-se e voltou enxergando”.
(João 9, 6-7)

De todas as narrativas contidas nos evangelhos a respeito das intervenções de Jesus no campo das deficiências, considero este texto de João como o mais rico, sensível e relevante. Chama atenção o ponto forte da reflexão – a fé seguida pela sinceridade do cego - que desmascara a ideologia dos dirigentes religiosos de então, que sustentavam toda e qualquer exclusão em nome da lei e de Deus.

Por ser cego, excluído e viver à base de esmolas, também era um marginalizado da instituição religiosa fechada, que se baseava na exterioridade legal em detrimento à dignidade da pessoa humana. Quem não se submetesse a ela era posto de fora. Ora, aderir à novidade de Jesus, importava o risco de expulsão. O cego é de uma abertura só ao acolher o projeto que Jesus apresenta para sua vida: “Se esse homem não tivesse vindo de Deus, não poderia fazer nada” (33).

Nessa linha, a pedagogia de Jesus tem uma ação libertadora: não se restringe apenas ao diálogo e à falácia, mas na ação. Admirado com a coerência do cego, Jesus não se utiliza de sinais mágicos e estupendos fora de seu campo de ação para promover a cura daquele homem, muito ao contrário, usa o que tem à mão: terra e água da mãe natureza. Pede apenas a contrapartida, a fé e esforço pessoal: lavar-se na piscina para então voltar ao convívio social e interagir, trabalhando para derrubar os preconceitos que a sociedade dissemina, tornando-se um sujeito de ação afirmativa.

A cura, que é a recuperação de tudo aquilo que destitui o ser humano de seus direitos mais elementares, faz com que brote nova consciência de quem é Jesus e o que ele representa. O cego é uma sinceridade só quando proclama àqueles "teólogos" que não conhece ainda aquele homem, mas tem certeza de que Jesus veio de Deus, pois age diferente deles.

São novos olhares, novas atitudes frente às situações discriminantes e excludentes, que precisam ser superadas com coragem e determinação em gestos, palavras e ações: a promoção da igualdade das pessoas com deficiência na diversidade.

Você, caro leitor, quando se deparar com algum deles: olhe, observe, dê atenção. Ofereça ou pergunte como ajudar. Não importa quem seja você, o que pense, suas ações - confusas ou não - aproximarão pessoas, provocarão reações e deixarão uma mensagem - somos diferentes e precisamos dessas diferenças para interagir, conviver, ensinar, transformar - Que saudável diferença, pois só aprenderemos a superar nossos limites através da convivência com os limites do outro.



Pela Inclusão e pela Vida!






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