PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sábado, 24 de maio de 2014

É MAIS ADIANTE




Imaginei um lugar.

Um lugar onde cabem todos: brancos e amarelos, negros e orientais, índios, idosos e deficientes, crianças e adolescentes; empregados e desempregados; estudantes e desocupados; ricos e pobres; anarquistas e politizados; religiosos e agnósticos; diversos enfim...

O que é? Uma igreja?

Um campo de futebol?

Mas não é todo dia que todo mundo vai à igreja ou no estádio ou outro lugar. Seu uso é diário, ao menos para a grande maioria.

Imaginei os ônibus, o interior do popular busão tão necessário, prioritário, imprescindível!

Pensou?

Quem mais inclusivo que ele, quando junta e mistura todos em seu interior? O local do encontro de amigos ou parentes; de reencontros e desencontros; novas amizades que surgem; amores que florescem e rumores que desaparecem; de brigas cabeludas e gestos de caridade; de gente educada e também casca grossa; fofocas e rezas contínuas; histórias de dor, de vidas e lições de sabedoria... Enfim o buzão, esse grande meio de locomoção.

Pensei tanto nele nestes dias de trânsito caótico e conturbado. E também nas pessoas privadas de se locomover por meio dele na luta diária. Só quem não tem outro meio de mobilidade senão o ônibus, é que sabe o quanto dói o sacrifício a que foi submetido por uma greve; a inércia, a imobilidade e o cansaço diante de estressante situação. Fazer o quê nessa hora?

Sem querer entrar no negativo dos fatos ocorridos na semana - porque agora o que todo mundo quer é descansar junto da família, dos amores e desfrutar do que é bom e sagrado para recarregar o astral e as energias -, recordei-me de um fato que, de início, foi uma brincadeira vista nas redes sociais, alegava nunca ocorrer de alguém tirar foto num ponto de ônibus e divulgá-la na rede. Como que a insinuar ser todo mundo chique a ponto de nunca por os pés num coletivo, tipo “coisa de pobre” ou algo assim. Assídua que sou nesse ofício, resolvi aderir à brincadeira e colar imagens apontando fazer parte sim do povão que usa o busão, e com muito orgulho.

Saí então à caça, mesmo que avessa a esses tais de “selfies”. Escolhi uma quinta-feira qualquer, que é o dia que mais me utilizo de diversas linhas de ônibus. Tirei meia dúzia deles em paradas diferentes, sem, contudo me preocupar em verificar o conteúdo da imagem. No momento da transferência para o arquivo é que fui dar conta do péssimo serviço executado, sem nitidez nem objetividade, com vários fragmentos de vultos sem pés nem cabeça, nem ônibus nem nada...

Desisti.



Certa vez, acompanhei pela TV um documentário abordando o transporte público em escala mundial. A matéria tratava da mobilidade da população de diversas metrópoles apontando um índice muito alto de utilização do transporte público, principalmente ônibus, para todas as atividades como educação, trabalho e lazer. Citava a Suíça como o país que melhor serve sua população em termos de mobilidade e locomoção, com frotas modernas e pontuais. Outras metrópoles foram citadas, mas me ative exclusivamente àquela pelo conteúdo que acrescentava pontos na eficiência do serviço: a consciência da população em corresponder à eficiência e praticidade do que é oferecido em termos de modernidade, economia de tempo, combustível e pedágio, diminuindo assim os congestionamentos, bem como as filas em estacionamentos. São vantagens que apontavam o motivo pelo qual a maioria não tirava o carro da garagem.

O resumo está nas premissas de que políticas públicas de transporte eficiente que promovem o direito à locomoção com qualidade, atreladas a uma cultura responsável, visando a economia, praticidade e respeito ao coletivo, são os caminhos de melhoria na qualidade de vida de uma população.

Transporte coletivo é pauta primordial.

 Para o povo voltar às ruas, deve ser muito mais do que por alguns centavos!




Pela Inclusão e pela Vida






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