PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sábado, 10 de fevereiro de 2018

ALTERAR O TERMO E AS ATITUDES SÓ FAZ BEM






NÃO É LEPRA NEM LEPROSO. É HANSENÍASE!

É impossível mudar a palavra escrita que está contida na Bíblia. Seus textos são antiquíssimos e revelam contrastes de cultura, costumes e contextos que formam a diversidade no terreno religioso. Podemos, entretanto, transformar o conceito a ser pronunciado como mensagem a ser proferida atualmente em nossas conversas e informativos alterando os então termos já em desuso.

Como exemplo, dentre tantos, tome-se a parábola do Rico e Lázaro, citada no evangelho de Lucas 16,19-31. Nela podemos observar que há uma grafia ao se referir a Lázaro como sendo um leproso, pois "estava coberto de feridas". Até aí tudo bem. Nada há que se possa fazer para alterar nos escritos bíblico aqueles estigmas para a terminologia usual correta que é simplesmente a Hanseníase (a doença) e Pessoa com Hanseníase (aquele que foi acometido pela doença).

O que deve ser transformado é a tradução oral e escrita dos termos para os dias atuais, ou seja, sabemos que nas igrejas - independente de confissões - há toda uma forma de ensinamento, de exortação da aplicação da Palavra de Deus na vida prática como amor, solidariedade, partilha, etc. É fica tão fora de contexto ouvir o Padre ou o Pastor ou o Líder Comunitário repetir sempre esses termos excludentes. Assim, é de grande valia divulgar também as terminologias corretas que se referem às pessoas com deficiência, como forma de mudar a linguagem, fomentando a inclusão também nas grafias e pronúncias.

Dos vários termos errôneos, alguns são encontrados na Bíbliasegue ao lado a terminologia correta a ser utilizada:

Coxos e aleijados, mancos e atrofiados - Refere-se aos Deficientes físicos (paraplégicos, amputados)

Surdos (isto permanece atual, pois é perda total de audição) e Deficientes Auditivos (perda parcial da audição);

Surdo-mudo não deve ser utilizado, mas substituído para deficiência da fala ou comunicação;

Ceguinho - Diz-se apenas Cego (sem diminutivo)  - é aquele com perda total da visão

Deficiente visual (é a perda parcial da visão);

Leprosos -  São aqueles com Hanseníase

Nunca dizer Deficiente mental, retardado, idiota -  Mas Deficientes Intelectuais

Mongolóides/ Mongol - Deve-se dizer Síndrome de Dow ou simplesmente Dow


Falando em Hanseníase...

O termo "lepra" e “leproso” caiu em desuso. Sendo uma doença que provoca feridas, esse termo marca profundamente a pessoa pois produz, além das feridas de pele, outras na alma!

Diz-se Hanseníase porque foram acometidos pelo mal de Hansen (o descobridor da moléstia), uma doença infecto contagiosa que provoca inflamação e descamação na pele. Mas que, se descoberta precocemente, a doença não deixa sequelas, o tratamento é simples e feito em Unidade Básica de Saúde. Inclusive a pessoa deixa de apresentar risco em curto tempo.

No Brasil a Hanseníase tem aumentado significativamente. Dados do Ministério da Saúde apontam 31.044 novos casos no ano de 2013. Em 2014 foram identificados mais 24.600 casos no Pará, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. Pesquisadores costumam ligar a Hanseníase como doença da pobreza pelo baixo nível sócio econômico de famílias; falta de saneamento básico e baixas condições de higiene; desnutrição. Felizmente ela tem cura! Falta, porém, a conscientização das pessoas e a persistência no tratamento. E a exigência de políticas públicas governamentais que favoreçam medidas de combate à pobreza através de educação, saúde, saneamento básico gerando qualidade de vida para a população.

É importante a disseminação de informações por parte também das igrejas, enquanto instrumentos de comunicação de massa onde o assunto da hanseníase é abordado na liturgia. Paralelamente a essas reflexões, ações concretas e esclarecedoras devem partir de seus comunicadores engajados como forma de assimilar, divulgar e contribuir para mudança de conceitos que as pessoas têm a respeito da hanseníase. Assim, superando termos já ultrapassados, contribuam na disseminação de informações sobre cuidados e prevenção, uma vez que nosso país ocupa hoje o 2º lugar no ranking da doença, atrás apenas da Índia.

Estigmas, vamos virar esta página!



Pela Inclusão e pela Vida.









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