UMA COMUNIDADE CHAMADA FEIRA
Domingo, terça, quarta, quinta
e sexta-feira, sábado. Com exceção apenas da segunda.
São todos dias de feira! Feira
livre.
Pastel, caldo de cana, frutas
variadas para provar na hora. Verduras e peixe fresquinhos, condimentos e
temperos. Conserto de panelas, quinquilharias de cozinha. Roupinhas básicas
dependuradas e balançando ao vento. Quem não gosta de uma feira?
Tem gente que não dispõe de
tempo, pelo fato de trabalhar fora e assim, fazem a “feira” no mercado mesmo. O
que muitas vezes tem lá suas vantagens pelo preço mais acessível de alguns
produtos.
Ocorre que as feiras livres tem
um quê de diferencial que quase não se encontra num mercado: o ritual do
encontro!
Encontrar a vizinha da rua de
cima; algum parente; o amigo da igreja; a antiga colega de trabalho; o vigário
rodeado de seminaristas com as sacolas... E rapidamente as notícias se
espalham: quem ficou doente, quem se mudou, o desemprego, a inflação e por ai
vai.
Esse ritual de reencontrar
pessoas tem também um sentido comunitário em relação aos feirantes que ali
estão, por vários anos, com exceção de um ou outro novato. Gente que madruga
todo santo dia enquanto dormimos, quer faça frio ou chuva e pegam no batente de
montar e desmontar a barraca e, de acréscimo, tem sorriso e conversa pra
oferecer à freguesia.
D. Dulce, por exemplo, com sua
banca de bananas, sempre fazendo um agrado aos fregueses com suas “dúzias de 15”.
D. Maria japonesa, com seus legumes, já vai avisando quais estão mais caros e
oferece alternativas. As irmãs portuguesas com suas verduras separadas e
embaladinhas a preços mais acessíveis, como a mandioca extra acrescentada no
pacote ou o maço de cheiro verde de brinde. E o Sr. João das frutas,
evangélico, o cara mais educado da feira. Outros então...
Verdade seja dita, fazer a
feira, é uma terapia não só de pesquisa e aquisição, como também de relações
que se criam, se sustentam e perduram como uma comunidade de bem querença. Que
o digam as vovós que ali batem cartão semanalmente. Para elas a feira é uma
espécie de hobby, que as tiram, mesmo que momentaneamente, de suas preocupações
com o peso da idade e da saúde e as impulsiona ao reencontro, às fofoquinhas,
às risadas e aos, nossa, os preços... Como está caro fazer a feira!
Pela Inclusão e pela Vida.
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