PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

NA CADÊNCIA DO CORAÇÃO





Inicialmente foi uma consulta na área clínica, que depois se tornou rotineira. Assim que descobri que o profissional atuava também como cardiologista, passei a dar mais atenção em cuidar da saúde, sendo aconselhada por alguém de confiança e que possui no currículo trinta e cinco anos dedicados à saúde preventiva. Inclusive minha avó materna, que já nos deixou há muitos anos, foi uma de suas pacientes.

Então, o que queria dizer realmente é que, assim que conheci aquele doutor, observei que ele usava um anel diferente, não sabendo se era realmente um anel ou uma aliança propriamente dita. De fato sou uma pessoa que observa os detalhes e gosta de saber seus porquês. Como meu lema de vida é “perguntar é preciso”, careço de receber informações como toda pessoa com surdez, já que todo ouvinte nem sempre precise perguntar por conta de seus ouvidos que tudo ouvem e captam, encarregando-se assim de fornecer as informações desejadas e até indesejadas.

Mas é claro que eu não podia perguntar logo de cara, né! Mal conhecia o homem e já ir perguntando por algo de foro íntimo, só se fosse uma “sem noção”.

Foram tantas idas e vindas que um ano se passou. E a idade que também passa e traz novidades inesperadas como o tal do LDL – o famigerado colesterol ruim, que aumentou consideravelmente e deveria ser combatido com medicação e exercícios mais regulares.

Há poucos dias, no retorno à consulta e com os exames em mãos, mostrei certa apreensão com o resultado ali apresentado, cujo indicador apontava leve aumento no índice em relação ao considerado satisfatório. Preparei-me então para o sermão que viria...

Mas o que veio foram elogios. Admirei-me de como aquele doutor vibrou tanto com os resultados como se fossem do próprio. O estímulo, o aconselhamento e as vibrações positivas com que trata seus pacientes são de um revigoramento que dá ânimo a prosseguir no tratamento e cuidar melhor da saúde. Profissionais assim são raros hoje em dia, em se olhando para o quadro atual como anda a saúde no País.

E nesse clima, sem nem pensar, enquanto ele prescrevia o receituário, observei a aliança e já fui emendando:

- Doutor, esses traços em seu anel são parecidos com os gráficos de um eletrocardiograma, estou certa?

- Correto, ele afirmou. Mandei gravar nesta e na de minha esposa, já que sou cardiologista.

- Ela é também cardiologista? Perguntei.

- Professora. Ele respondeu.

- Tem química! Retruquei. Aliás, professores também trabalham com gráficos.

Ele riu e tirou a aliança do dedo, girando-a completamente, de modo que era possível observar em toda sua extensão que os gráficos mostravam-se variáveis. Ora espaçados, ora constantes e repetitivos.

- Ah, entendi! Emendei. O compasso do coração de dois amantes!



Pela Inclusão e pela Vida!










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